Com o avanço de novos casos da variante Ômicron no Brasil confirmados pelo Ministério da Saúde, o médico clínico de Madre de Deus, Drº Roberto Santos, concedeu entrevista ao portal Madre Notícias na tarde desta terça-feira (15), sobre o assunto. De acordo com o profissional, toda variante de um vírus é analisada de acordo com as classificações epidemiológica, sinais e sintomas, gravidade, tempo de início dos sintomas e o período de transmissão.
Drº Roberto é um dos agentes de saúde que está na linha de frente no combate ao coronavirus e suas variações desde o início da pandemia. Em recente live concedida pelo médico ao instagram do Madre Notícias, Drº Roberto contou vários casos de pacientes que passaram pelo problema do vírus, algumas histórias tiveram finais felizes e outras nem tanto.
Confira a entrevista na íntegra
Madre Notícias: A ômicron causa uma doença menos grave do que a variante delta?
Roberto Santos: De acordo os estudos feitos até o momento, são necessários mais dados para saber se a infecção por ômicron causa uma doença menos grave ou fatal em comparação com outras variantes. Certos indicadores, no entanto, sugerem que em alguns casos a ômicron pode causar sintomas mais leves, mas ainda pode provocar hospitalização e morte, sobretudo em pessoas que não estão vacinadas.
Em pacientes que estão completamente vacinados e com doses de reforço, os sintomas tendem a ser leves. Por outro lado, se a pessoa não é vacinada, os sintomas podem ser bastante graves e levar à hospitalização ou até à morte.
MN: As vacinas atuais podem proteger contra a nova variante?
RS: De acordo o estudos feitos pelos pesquisadores, as pessoas com duas doses do imunizante permanecem protegidas em relação à hospitalização, mesmo que tenham perdido parte da proteção contra a infecção, segundo Ignacio López-Goñi, professor de microbiologia da Universidade de Navarra, na Espanha.
Um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) e da Universidade de Harvard, nos EUA, publicado em 7 de janeiro, indica que duas doses da vacina Pfizer ou Moderna “não produzem anticorpos capazes de reconhecer e neutralizar a variante ômicron”, mas que “uma dose de reforço melhora drasticamente a proteção” contra a mesma.
Já Andrew Lee, professor de saúde pública no Reino Unido, afirma que os dados mostram que duas doses da Pfizer ou AstraZeneca oferecem proteção limitada contra a ômicron, mas que esta proteção é rapidamente restaurada com uma dose de reforço.
MN: Se uma pessoa já teve covid ou já ter sido imunizada, mesmo assim pode pegar ômicron?
RS: Um estudo descrito em relatório na Universidade Imperial College London, no Reino Unido, mostra que a ômicron tem uma grande capacidade de quebrar a barreira de uma imunidade adquirida de uma infecção anterior. O estudo feito estima- se que o risco de reinfecção com ômicron seja 5,4 vezes maior do que com a delta. A proteção contra a reinfecção por ômicron fornecida por uma infecção passada pode ser muito baixa. Em relação às vacinas, o médico Gregory Poland, diretor do Grupo de Pesquisa de Vacinas da Clínica Mayo, nos EUA, indica que a proteção que elas oferecem contra a ômicron vai diminuindo com o tempo.
O estudo diz: “se você tomar duas doses da vacina, após pelo menos três meses sua proteção contra infecção ou hospitalização cai para cerca de 30% a 40%”. Segundo Dr. Gregory Poland, com a dose de reforço a imunidade pode chegar a ficar entre 75% e 80%. Logo é importante continuarmos usando máscara. É necessário ainda mantemos o distanciamento.
MN: Quantos dias após ter COVID – 19 pode se esperar para tomar a vacina?
RS: Os especialistas que vêm acompanhando os casos de Covid desde o início da pandemia recomenda 30 dias, este é o momento em que a resposta natural do corpo ao vírus começa a cair. O cálculo de tempo para que a infecção pode perdurar no corpo é de 14 dias e, após esse tempo, as próximas duas semanas costumam ter uma maior imunidade natural.
MN: Após exames o indivíduo descobriu que teve covid. Mesmo assim ele ainda precisa usar máscaras, passar álcool gel…?
RS: Todas as medidas de prevenção deverão ser mantidas, mesmo que você já tenha sido diagnosticado(a) previamente, sempre seguindo as recomendações dos órgãos sanitários.
MN: Por quanto tempo a ômicron sobrevive na pele e nas superfícies?
RS: A variante Ômicron pode sobreviver por mais tempo em superfícies e na pele humana, quando comparada a outras cepas da COVID-19. É o que evidência um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Medicina na cidade de Kyoto, no Japão.
Os especialistas informa que a cepa tem uma facilidade de se estabilizar no ambiente, esta capacidade a torna altamente infecciosa. Na pele humana, foi concluído que a Ômicron pode permanecer por mais de 21 horas. Quando analisada em superfícies plásticas, os cientistas concluíram que a cepa pode sobreviver por 193,5 horas (8 dias).
Logo ainda é importante evitar abraços, pegar em corrimão de escadas, balcões e outras superfícies de uso público principalmente.